Quando era criança, eu andava a pé para todo lado. Andava, não! Eu saltitava em todas as direções, o que fazia meus cabelos também pularem e dançarem por aí. Em alguns momentos, virava quase um jogo: eu brincava de não pisar nas linhas desenhadas no chão pelos mais diversos revestimentos e tipos de calçadas. Ir de um local a outro era pura diversão.
Nos tempos atuais, na medida em que fui amadurecendo, voltei a sentir a vida assim: um fluir na corrente da vida por meio dos pequenos momentos e gestos. E, quando menos percebi, estava vivendo a transformação, sentindo cada reflexo dela em mim, no meu entorno e na minha vida.
Passei a minha infância em Patrocínio, uma cidade que fica no Alto Paranaíba, no interior de Minas Gerais, de onde escrevo hoje. Aqui, tenho um prato cheio de memórias afetivas e lembranças da minha infância.
Essas memórias me reconectam com um tempo em que tudo era divertido, inclusive, os caminhos. Sim, aqueles trajetos que, na vida adulta, se tornaram motivos de chateação, ansiedade e, para muitas pessoas, até uma “perda de tempo”.
É interessante refletir sobre como as coisas mudam de significado e “perdem a graça” com o passar dos anos. O nosso foco vira o destino, o resultado, o pote de ouro no fim do arco-íris. Tudo isso nos faz esquecer que, em muitas situações, é o percurso que nos traz os reais benefícios de algo que planejamos alcançar.
A vida acontece no “agora”
Certamente, você conhece várias pessoas que passam a semana esperando a sexta-feira chegar. Ou gente que aguarda ansiosamente o último dia do ano para fazer as famosas listas de resolução para a virada. Há quem acredite que só vai ser feliz quando mudar de emprego, passar a ganhar um determinado salário ou ganhar na Mega-Sena. Será?
Se você refletir, irá perceber que só temos o momento presente. Nem passado e nem futuro. Afinal, a vida acontece no “agora”. Isso me faz questionar: por que, em algum momento, optamos por tirar a graça do caminhar?
Eu, definitivamente, não acredito em viradas. Eu ainda sou aquela menina saltitante que busca vivenciar o percurso. Eu percebo o cabelo sendo balançado pelo vento, os meus pés tocando o chão, as nuvens sendo empurradas pra lá e pra cá. A linha de chegada é apenas uma consequência.
Quando ajustamos a nossa lente para enxergar apenas o alvo, perdemos a chance de viver. Certa vez, eu estava em reunião com uma cliente querida, construindo o planejamento dela para o ano que iria chegar. E, adivinha, tivemos dificuldades em estabelecer os pontos de chegada.
Foi então que ela me disse algo que fez muito sentido para o que estamos elaborando aqui. Ela me disse:
– Estar com tanta clareza sobre a minha trajetória e experimentar essa vida organizada são coisas que me fazem tão bem que já me sinto realizada.
E, nessa energia, decidimos colocar algumas possíveis melhorias, apenas. Acredito que precisamos somente saber em que direção vamos caminhar. E, muitas vezes, isso basta.
A vida flui a todo instante. E o tempo todo, você se depara com situações que trazem grandes oportunidades de aprendizado. Portanto, olhe para os caminhos que você já percorreu para validar os seus acertos, reconhecer os seus equívocos e aprimorar o que pode ser melhorado.
Em que direção você pretende ir?
Hora de deixar ir e deixar emergir. A partir da linha do tempo, reflita:
Pequenas mortes: de quais partes minhas eu precisei me despedir? Pode ser uma pequena parte em cada momento.
Renascimento: quais habilidades de vida eu precisei resgatar ou estimular para chegar até aqui?
Aprendizados: quem eu precisei aprender a ser? Liste o que mudou.
Respire e pense: tudo isso é percurso. E, agora, como posso prosseguir?
Após reconhecer tudo que já experimentou, olhe para o que deseja com a certeza de que o tempo é uma ilusão e de que não temos controle sobre o quanto teremos de cada recurso existente hoje.
Sendo assim, é essencial ter presença e calma. Busque experimentar em doses, ainda que homeopáticas, o benefício de cada mudança que você está se propondo desde já.
“Você pode ter a vida que quer! Basta querer uma vida possível.”
Sobre finanças
Agora, vou dar alguns pitacos que podem (ou não) fazer sentido para você:
Olhe para as suas finanças com cuidado.
Se é um desejo ter a sua vida financeira equilibrada, equilibre o tempo de cuidar. Coloque na agenda um lembrete para reservar 15 minutos semanais para se dedicar ao cuidado e à organização.
Se listou metas financeiras, divida-as em etapas.
As metas precisam ser realistas para que você não se frustre com a impossibilidade de alcançá-las. Por isso, divida as etapas em passos. Coloque um passo de cada vez na sua rotina.
Equilíbrio
Cuide-se e lembre-se: falar de finanças é falar sobre vida. E vida é, sobretudo, trabalho, relações, saúde física e mental. O equilíbrio reflete na sua capacidade de gerar recursos, de consumir de maneira consciente e de experimentar o que você tem escolhido consumir de maneira saudável. Busque ter clareza dos seus valores de vida e do quanto as suas escolhas e a sua agenda refletem esses valores. E não se perca disso!
Com esse olhar, convido você a uma leitura que propõe uma reflexão sobre vida e percurso e que fez muito sentido para mim. É o livro “Pra vida toda valer a pena viver – Pequeno manual para envelhecer com alegria”, escrito pela médica geriatra e paliativista Ana Claudia Quintana Arantes.
Eu me despeço desejando que o seu percurso seja alegre, cheio de oportunidades de aprendizado, divertido e dançante, como os meus trajetos pelas ruas de Patrocínio e pela vida afora!
Com carinho,
Ka Valadares
a autora
Mãe, esposa, profissional de finanças e empreendedora. Dedico minha vida à consultorias financeiras pessoais, assessoria de investimentos e organização de rotina.