Onde você tem depositado sua liberdade financeira?

Por Karina Valadares, planejadora financeira*

“Karina, o meu objetivo é, aos 50 anos, poder escolher o que farei. Não quero mais atender todo perfil de cliente e com a carga de trabalho que tenho hoje. Quero ter liberdade financeira e manter a minha receita para suportar a minha longevidade. Qual montante de dinheiro preciso para isso?”

Esse é o recorte de uma conversa que tive com um uma pessoa que me procurou para uma consultoria. Mas, poderia ter sido com você. O exemplo é útil para o tema sobre o qual vamos tratar: “Liberdade financeira, longevidade e autonomia”.

Tenho para mim que objetivo alheio não se discute. Eu não tenho o direito de “tirar” a legitimidade do sonho de cada um. O que eu faço, quando tenho oportunidade, é elaborar junto com a pessoa o quão real e viável é esse objetivo. Mas, às vezes, as pessoas deixam a imaginação “voar” e nasce um desconforto quando elas percebem que precisam fazer escolhas.

Escolhas que conduzem à liberdade

Planejamento financeiro ajuda a entender qual é sua realidade financeira (receitas e despesas), a criar espaço para a construção patrimonial por meio de bens imóveis ou investimentos financeiros e a elaborar estratégias para minimizar possíveis riscos. Isso tudo com um olhar de economia tributária, perpetuação do patrimônio (sucessão) e bem-estar na longevidade (aposentadoria).

Por isso, é muito comum que as pessoas queiram fazer reservas para se manter no futuro quando pararem de trabalhar. Esse objetivo é legítimo e o quanto antes for iniciado, menor é o esforço.

Mas quando acreditamos que ter autonomia financeira é fazer reservas financeiras, estamos apenas mudando a dependência. Reflita. Hoje dependemos da nossa força de trabalho e, no futuro, ficaremos “à mercê” das oscilações do mercado financeiro, da expertise do alocador dos seus recursos, das decisões do governo… Ou seja, ter dinheiro não é garantia de “liberdade”.

Menos é mais

Para mim, o que traz liberdade é ter uma vida leve. Sempre digo aos meus clientes: quanto menos necessitamos, mais temos. Quanto mais baixa a nossa “régua”, mais conseguimos superá-la. 

A liberdade financeira que pode gerar uma vida sustentável na longevidade, com autonomia de escolhas, é feita de uma reforma íntima no presente, um olhar cuidadoso para os nossos desejos e necessidades. A partir disso, é possível construir patrimônio que gere renda para o futuro e fazer investimentos líquidos que também gerem renda e possibilidade de realizações. 

Por isso, eu convido você a depositar a sua liberdade financeira e a sua autonomia em autoconhecimento, autocontrole e autorresponsabilidade. Como?

• Com organização financeira desde já.
• Com clareza de que as suas escolhas fazem real sentido para você e que vale a pena trocar o seu tempo por dinheiro para manter essas escolhas.
• Com definição de bons hábitos, para que o seu “piloto automático” seja o mais assertivo possível.
• Com a criação de reservas para garantir que você possa continuar fazendo as suas escolhas.

A verdadeira liberdade é um conjunto de reservas para suprir as nossas necessidades. Além disso, ela garante que os nossos desejos sejam bem atendidos e que os sonhos legítimos e realizáveis sejam concretizados.

Eu conheci uma pessoa que escolheu interromper a sua atividade principal aos 35 anos de idade porque já havia acumulado recursos suficientes. Hoje, ela se dedica ao terceiro setor e se nutre de outras experiências. Mas, para isso, ela escolheu, lá atrás, viver com o essencial e isso a permitiu gerar reservas. Agora que a bagagem está mais leve, segue vivendo e realizando.

Só dinheiro não traz liberdade financeira, eu insisto. Mas a falta dele, com certeza, nos aprisiona em situações nem sempre agradáveis. Tenha dinheiro para sustentar o que é realmente importante para você e busque simplificar as suas necessidades.