Por Karina Valadares, planejadora financeira*
Como anda a sua vida financeira? O que você tem comprado e por quê? O que você tem vivenciado? Quais são as suas dores? Refletir sobre isso importa. No final das contas, esses hábitos impactam toda a sua vida e o seu futuro e compreendê-los te ajuda a detectar para onde o seu dinheiro está indo.
Por que sempre precisamos de coisas novas? Olhe à sua volta e reflita. O que você realmente usa? E isso vale pra tudo: roupas, acessórios, utensílios, tecnologia… Olhe para tudo que você comprou recentemente e responda: o que foi realmente útil? Você acumulou roupas que não vai usar? Cursos que não vai fazer? Objetos que não são utilizados? Para onde está indo o seu dinheiro? Qual é o saldo de tudo isso, no final das contas?
Repensar a nossa relação com o consumo está entre as prioridades do nosso mundo atual por uma questão de sanidade mental. Eu gosto muito da imagem que mostra a Duquesa de Cambridge Kate Middleton repetindo a mesma roupa três vezes em eventos oficiais divulgados pelo mundo afora.
Enquanto isso, tem muita gente que compra roupas novas com dinheiro que não tem. Fazemos isso, muitas vezes, para preencher buracos internos: traumas, carências, insegurança, medo… O consumo exagerado pode estar relacionado a algum tipo de falta que nos assombra. É preciso olhar com cuidado para essa questão.
Tem muita gente por aí que não pensa antes de comprar. Vai no impulso, sabe? E quando se dá conta já passou do limite de gastos e comprometeu o dinheiro que, às vezes, não tem. Ao viver uma vida que não podemos bancar, acabamos ficando com a corda no pescoço. E o pior é insistir e fazer com que esse comportamento se repita.
A nossa cultura nos incentiva a consumir de forma desenfreada. Sim. Aqui, no Brasil, somos ensinados que “ter” é sinônimo de sucesso, conquista e crescimento. Além disso, o consumo, muitas vezes, está relacionado à sensação de pertencimento. É como se o que você possui fosse um passaporte para fazer parte de um grupo.
Quem nunca se sentiu desconfortável por não parecer igual às demais pessoas que fazem parte de um mesmo grupo social? Muita gente passa por isso em alguma fase da vida. A ideia não é promover julgamentos, mas apresentar uma visão do que acontece com muitos de nós.
É preciso considerar também um outro grande problema que pode se esconder atrás do consumo: a necessidade de preencher vazios. Todo consumo exagerado pode ser o reflexo de um conflito interno. E se isso não for trabalhado, pode virar um problema ainda maior.
O ter é muito importante. Porém, não pode servir para encobrir os vazios do ser! Entende a diferença? Como você, eu consumo. Gosto de deixar a minha casa aconchegante, tenho minhas marcas favoritas, compro cursos e planejo viagens. Como você, estou sempre consumindo. Mas o tempo, a experiência e o conhecimento me mostraram que fazer isso por mim é diferente de fazer isso por insegurança ou por alguma carência afetiva.
É preciso, portanto, olhar para dentro e compreender a causa do consumo desenfreado. Como planejadora financeira, tento guiar meus clientes nessa jornada, aliando organização financeira e uma análise comportamental. O meu foco é mostrar como podemos fazer escolhas mais conscientes. Para isso, o planejamento financeiro é fundamental.
Planejar-se financeiramente não é criar uma planilha para listar receitas e gastos. Não é sobre isso. Definitivamente, não é isso. Planejamento financeiro é buscar o autoconhecimento e entender de maneira consciente o que queremos, por que compramos e qual é a nossa relação com o consumo.
Romper o ciclo dos excessos é um passo importante rumo ao planejamento financeiro. Quem decide fazer isso começa a perceber que precisa alcançar um ponto de equilíbrio para não comprometer os sonhos de uma vida inteira.
Quando fazemos um planejamento financeiro, precisamos refletir sobre o que é essencial para nós. O planejamento nos ajuda a elencar o que é importante e nos motiva a pensar antes de gastar. Essa consciência nos leva a tomar decisões melhores, o que chamo de criar “segundas oportunidades”. Para mim, essa é a chave do consumo consciente.
Sabe quando a gente passa por uma loja, vê algo e quer logo comprar?
Pare, dê mais uma volta e pense: vou comprar por quê?
Sabe quando você navega em uma loja online e lota o carrinho de pedidos?
Pare, vá fazer as suas atividades, pense e só retorne se achar, de verdade, que é necessário finalizar a compra.
Colocar a cabeça no lugar é o melhor jeito de refletir sobre os nossos impulsos. Para entender melhor, vou te apresentar os “quatro autos”.
É o que nos ajuda a avaliar verdadeiramente o que buscamos quando nos motivamos a consumir algo.
É o que nos permite uma escuta e um estado de presença. É o tempo para nós. Para isso, deve existir equilíbrio entre trabalho e consumo. Se você compra muito, precisa trabalhar mais. Consequentemente, sobra menos tempo pra você. Já pensou nisso?
Nós somos responsáveis pelas nossas escolhas. A partir do momento em que temos consciência disso, podemos escolher fazer diferente e agir diferente.
É ter o domínio sobre os seus desejos e impulsos. Para que haja mudanças é necessário estabelecer novos hábitos agora. Não dá para adiar. Se você deseja conquistar algo, a construção desse projeto deve começar no presente.
Reflita sobre a importância dos “quatro autos” na sua vida. E, para encerrar a nossa conversa, vão algumas dicas para que você se torne um consumidor cada vez mais consciente:
Precisa de apoio? Busque um planejamento financeiro. Conte comigo nessa jornada de autoconhecimento e transformação. É só acessar o link.
a autora
Mãe, esposa, profissional de finanças e empreendedora. Dedico minha vida à consultorias financeiras pessoais, assessoria de investimentos e organização de rotina.