22 mar
2023

Você consome de forma consciente ou só segue o “bonde”?

Por Karina Valadares, planejadora financeira*

Por que consumimos da forma como consumimos? Eis a pergunta que eu, como mulher, trabalhadora e planejadora financeira, não me canso de fazer. Por isso, vamos conversar sobre consumo consciente: o que é, qual é a importância e por que você precisa começar a entender do que se trata.

O consumo consciente não significa deixar de consumir. Não mesmo! Consumo consciente é sobre consumir melhor e sem excessos. Significa ter a visão de que o ato de consumir um produto ou serviço está em um contexto mais amplo. Não está associado apenas à compra e à venda. É preciso entender de quem você compra e por que você compra. Também não se limita a bens materiais. Todo tipo de consumo entra nessa conta e tudo o que você consome traz impactos positivos ou negativos.

Saiba o por quê das suas escolhas

A expressão “consumo consciente”, para mim, se resume à palavra presença. É sobre estar conectado com cada escolha que fazemos. Isso vai além da blusinha que você compra. Pensar de forma consciente é refletir sobre todas as nossas decisões, seja na hora de gastar o nosso dinheiro ou o nosso tempo consumindo informações. Ao parar pra ler esse texto, por exemplo, você decidiu consumir um conteúdo. Isso só terá valor se esse conteúdo for refletido e absorvido de alguma forma. Cada segundo do seu tempo é importante e como você decide usá-lo também é uma forma de consumo.

Compre, compre, compre

Somos bombardeados o tempo todo com anúncios que se transformam em tentações e que são criados para despertar em nós o desejo de possuir. Se não pararmos para pensar, compraremos mais uma calça preta que não será usada. Avaliar o que usamos e o que precisamos é crucial no processo de compreensão sobre o que é uma compra consciente. De tudo o que você tem ao seu redor, o que fez o seu gasto valer a pena? O que você comprou e não utiliza? Quando você se questiona tem mais clareza pra compreender para onde está indo o seu dinheiro e quais são as suas reais necessidades.

A psicologia econômica, que é a linha de estudos que investiga o que influencia a nossa decisão de compra, chama a atenção para a importância de não se deixar levar pelo “piloto automático” e cultivar bons hábitos. Algumas estratégias ajudam a evitar as armadilhas de consumo:

  • Ter um planejamento financeiro com teto de gastos por categoria de despesas.
  • Listar as suas necessidades.
  • Ter clareza de cada objetivo e o esforço para alcançar cada um deles.
  • Evitar tentações.

Se você não pode comprar, por que se expõe a isso? Sou apaixonada pela dinâmica do planejamento financeiro porque esse recurso nos ajuda a consumir de forma inteligente. Para isso, precisamos saber:

  • O que temos.
  • O que precisamos.
  • O que podemos.

Reconhecer a nossa realidade é a chave para tudo

O consumo não é inocente. Precisamos parar de criar desculpas sempre que vamos comprar, principalmente, quando sabemos que não podemos. Estamos sempre conversando com a nossa cabeça e, muitas vezes, nos deixamos levar pelos impulsos. No fundo, a gente sabe. 

Essa é uma lógica que vale pra tudo. Quando você vai ao mercado, pega mais do que precisa? Nas suas redes sociais, consome conteúdo que não terá nenhum impacto para você? Não é fácil negociar com o nosso cérebro, ainda mais quando estamos acostumados a utilizar o cartão de crédito como se a fatura nunca fosse chegar. 

Procure sempre pensar nas consequências do consumo desenfreado. Do que você está abrindo mão ao comprar itens dos quais, muitas vezes, você não precisa? Nesse jogo do consciente e inconsciente, se você não ficar atento, sempre sairá perdendo.

Estar consciente é pensar além da compra

As nossas escolhas não podem se tornar fardos pesados. Se consumirmos demais, vamos pagar um preço alto por isso. Eu já consumi muito. Hoje, tenho uma vida norteada por escolhas mais conscientes para poder aproveitar melhor os momentos da minha rotina além do trabalho.

Adotei essas práticas de uns anos pra cá e são muitos os benefícios que tenho percebido. Hoje, busco saber a história que existe por trás de tudo o que compro. Procuro avaliar sempre quem faz as minhas roupas ou de quem vou comprar uma xícara. Estar consciente é pensar além da compra. Ao comprar uma roupa busco pensar: qual a diferença ela fará no meu guarda roupas. Qual a durabilidade? O que está me motivando?

Às vezes, a gente acha que consumo consciente é comprar alimentos orgânicos, roupas com fibras mais naturais e coisas que, de certa forma, possuem um custo mais agregado. Comprar de forma consciente não é isso. Também não é algo que está elitizado ou voltado para uma classe social. É sobre saber o que te motiva, quanto te custará e se isso é possível sem esbarrar nos projetos que você tem.

6 perguntas para avaliar se você pratica o consumo consciente:

  • Por que estou comprando isso? O que me motiva?
  • Como vou me sentir após essa compra?
  • Como vou pagar por isso? Tenho dinheiro para comprar?
  • De quem estou comprando? Que causas ou empresas estou patrocinando?
  • Como vou usar o que eu comprei? Você já pensou na utilidade disso no seu dia a dia?
  • Como eu descarto o que estou substituindo (se for o caso)?

São os pequenos hábitos que causam grandes transformações. O que você tem feito para consumir de forma mais consciente? Pense nas coisas que possui, no que você quer e do que você precisa. Vale a pena deixar o impulso sempre te dominar? Veja o preço que você está pagando por suas decisões. Coloque na balança o seu tempo e para onde vai o seu dinheiro. Começar a se questionar é um bom começo. 

Ah, e não se esqueça: respire. Sempre que perceber que está sentindo necessidade de consumir algo busque perceber as suas sensações físicas e emocionais. Cuide para que você atenda a essas necessidades com cuidados que estejam alinhados à sua busca pelo bem-estar e equilíbrio. “Ter” nunca será um problema. Mas, comprar para encobrir vazios do “ser” pode se tornar um caminho de adoecimento físico, financeiro e emocional

Com carinho,

Ka Valadares

a autora

Karina Valadares

Mãe, esposa, profissional de finanças e empreendedora. Dedico minha vida à consultorias financeiras pessoais, assessoria de investimentos e organização de rotina.

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